INÍCIO

A atração humana pela verdade é tão essencial quanto o desejo infantil de segurança, de encontrar algo ou alguém em quem confiar num mundo tão hostil. Nessa busca, a humanidade empenhou suas melhores cabeças sem, no entanto, encontrar respostas satisfatórias para questões antigas como: o que somos? Por que vivemos? Para que vivemos?
Tudo o que sabemos sobre a vida não passa de tentativas de aproximação e, em todas essas tentativas, existe pelo menos 50% de chance de erro. Diante disso, parece-me estar claro que fundamentamos a nossa vida sob meias verdades e que toda a pretensão de certeza, franqueza, retidão, etc. não passa de falsidade e erro.
É nesse contexto que a educação deve ser compreendida: uma busca de estabilidade, num mundo instável; boas intenções afundadas em contextos sociais e políticos perversos; falseando conceitos para apresentar uma certeza aparente; alienando mentes sob o pretexto da libertação...
A nós educadores (se realmente não queremos pactuar com a hipocrisia) convém conhecer as possibilidades de erro mais do que as pretensas verdades. Convém estar atento e praticar a desconfiança em todas as etapas do processo educativo. Convém apresentar o conhecimento como algo produzido pela humanidade numa determinada época sob condições singulares que legitimaram determinadas formas de saber em detrimento de outras.
A própria necessidade do conhecimento escolar deve ser relativizada. O conteúdo curricular não é mais do que uma das formas de apreensão do “real” que se valorizou mais que as outras no decorrer do tempo e tem mais relação com os grupos que entraram na disputa para legitimar seus interesses do que com as “verdadeiras necessidades dos educandos”.
Entretanto, a nós educadores, compete não desvalorizar a busca por esse conhecimento, ainda que parcial, pelo contrário, é imprescindível fomentar nos espíritos das novas gerações (sufocados pelo pragmatismo) a coragem de se lançarem em busca da “verdade”.


Ednéia Angélica Gomes